Moradores reclamam de abandono de prédios comprados pela Uerj em 2021 para abrigar cursos; estado já gastou R$ 20 milhões
15/05/2024
Imóveis foram adquiridos em Vaz Lobo e Campo Grande. Estado gasta R$ 2,7 milhões por ano para manter a segurança dos prédios. Moradores denunciam abandono de prédios onde deveriam funcionar os novos campus da Uerj
Moradores de Vaz Lobo, na Zona Norte do Rio, e de Campo Grande, na Zona Oeste, denunciam o abandono de duas obras onde deveriam funcionar novos prédios da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O governo do estado investiu mais de R$ 20 milhões para comprar os imóveis.
A analista de RH, Thaís Silva, fala que a educação foi deixada em segundo plano.
“Não é prioridade, pareceu se tornar prioridade transformando o que estava parado numa coisa útil e importante, mas não parece."
Há 2 anos, o prédio em Vaz Lobo tem andaimes e está abandonado. Em vez de educação, a preocupação no local é com a segurança.
“As pessoas têm medo de passar em determinados horários, muito cedo ou muito tarde, coisas que a gente precisa se deslocar pra resolver as nossas coisas, e a gente fica com medo de passar. Vazio, quieto e medo realmente de uma abordagem, de um assalto ou coisa parecida”, fala Thaís.
Prédio em Vaz Lobo tem andaimes e está abandonado
Reprodução/TV Globo
O terreno pertence ao estado desde 2021, que investiu R$ 7,1 milhões. As obras começaram em 2022. Há até pouco tempo, havia uma faixa indicando o prazo de 12 meses para a conclusão. Na manhã desta quarta-feira (15), havia movimentação de alguns operários no local.
A Uerj prometeu oferecer cursos de administração, direito e enfermagem e até um vestibular social, como disse o então reitor numa entrevista em 2021.
"Mais um campus, onde serão desenvolvidas as nossas atuais atividades, mas também serão criados novos cursos de graduação e de especialização", disse o ex-reitor da Uerj, Ricardo Lodi, em entrevista em outubro de 2021.
Além da Zona Norte, a Zona Oeste também deveria ganhar um novo campus da Uerj. Mas no prédio, não há sinal de obras, apenas pichação.
O governo do estado desembolsou pelos imóveis de Vaz Lobo e de Campo Grande mais de R$ 20 milhões.
Em Campo Grande, são vários prédios interligados no mesmo quarteirão, com entradas pelas ruas Amaral Costa e Engenheiro Trindade, na região central do bairro. No local, o governo investiu mais R$ 13 milhões, mas os prédios estão parados há mais de 1 ano.
“Parado e não resolve nada, tem que resolver o mais rápido possível porque os jovens estão querendo estudar”, diz uma mulher.
“Se usassem em prol de fazer uma faculdade seria muito bom, mas parado do jeito que tá é dinheiro jogado fora”, diz outra pessoa.
Obras em Campo Grande nem começaram; imóvel está todo pichado
Reprodução/TV Globo
Segundo a Uerj, quando estiverem prontas, as novas instalações de Campo Grande vão atender mais de 2 mil alunos das áreas de ciências biológicas, saúde, ciências exatas e engenharia.
O preço de tanta demora é caro. Todo mês, o governo do estado gasta quase R$ 70 mil com a segurança dos prédios em Vaz Lobo e R$ 154 mil em Campo Grande. Somados, são R$ 2,685 milhões por ano.
Sobre a reclamação dos moradores de que falta segurança, a Polícia Militar informou que atua nas regiões das obras em Vaz Lobo e em Campo Grande.