Antes pacata, comunidade Fontela, onde turista foi baleada, é alvo de disputa entre bandidos
30/12/2024
Diely Silva e uma amiga queriam ir do condomínio onde estavam em Vargem Pequena até a Gávea. O motorista errou o percurso e foi parar no Fontela, uma pequena comunidade que atualmente é dominada pelo Comando Vermelho. O carro foi atacado, Diely morreu no local e o motorista foi baleado. Antes pacata, comunidade Fontela, onde turista foi baleada, é alvo de disputa entre bandidos
A comunidade do Fontela, em Vargem Pequena, na Zona Oeste do Rio, onde a turista baiana Diely Silva, de 34 anos, foi baleada e morta no último sábado (28), atualmente é controlada por traficantes do Comando Vermelho. Porém, a região também já foi reduto da milícia.
Segundo informações de inteligência da Polícia Militar, o local foi invadido e dominado pelo Comando Vermelho há um ano.
Pouco conhecida e quase nunca citada como uma área violenta do Rio, o Fontela chamou atenção das autoridades pela morte da turista baiana. Contudo, os moradores da região já observam o crescimento da criminalidade no local há mais tempo.
A favela, que vem crescendo em direção à mata que é característica do bairro de Vargem Pequena, fica perto de vias importantes da cidade, como a Estrada dos Bandeirantes e a Benvindo Novaes.
GPS leva motorista para a favela
Moradora de Jundiaí, no interior de São Paulo, Diely era gerente de Contabilidade fiscal. Ela veio ao Rio com mais três amigas passar o réveillon na cidade. O grupo chegou no sábado (28), quando aproveitaram o dia na praia e fizeram muitas fotos.
A Favela do Fontela vem crescendo em direção à mata e fica perto de vias importantes da cidade, como a Estrada dos Bandeirantes e a Benvindo Novaes.
Reprodução Google Maps
Diely e as amigas estavam hospedadas em um condomínio em Vargem Pequena. Por volta das 21h de sábado, elas pediram dois carros de aplicativo. O grupo iria para a Gávea, na Zona Sul.
As quatro amigas se dividiram entre os carros. Um dos motoristas foi pela Estrada dos Bandeirantes. O outro, que levava Diely e uma amiga, seguiu a indicação do GPS e acabou entrando por engano na comunidade do Fontela.
A favela fica a poucos metros do condomínio onde elas estavam.
Assim que entrou na comunidade, o carro foi recebido a tiros pelos traficantes. Pelo menos três disparos acertaram o veículo.
Diely foi baleada no pescoço e morreu ainda dentro do veículo. O motorista foi atingido nas costas, mas conseguiu dirigir até uma viatura que estava próxima. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca.
O motorista foi atendido na unidade hospitalar e liberado. Contudo, a bala continua alojado no corpo do trabalhador. A amiga de Diely não se feriu.
Motorista presta depoimento
Em depoimento na delegacia, Anderson, o motorista do veículo baleado, disse que não houve ordem de parada e que não viu de onde vieram os tiros.
A Delegacia de Homicídios da Capital investiga as circunstâncias do homicídio. No começo da manhã desta segunda-feira (30), policiais saíram para fazer novas diligências onde Diely foi morta. Eles buscam por mais informações que ajudem a identificar o autor do disparo.
Carro onde estava a turista Diely da Silva e o motorista de aplicativo, Anderson Pinheiro
Reprodução/TV Globo
Ainda na noite de sábado, poucas horas depois do crime, a PM foi acionada para uma operação na favela, e houve troca de tiros com a chegada do blindado. A Delegacia de Homicídios entrou em seguida.
O corpo de Diely já foi liberado, e o velório deve acontecer nesta segunda-feira em Candiba, na Bahia, cidade onde Diely nasceu e onde vivem os pais dela.
A tia da turista lamentou a morte de Diely, que ficou no Rio de Janeiro menos de um dia e descobriu como a violência na cidade pode ser fatal.
"Nossa menina, nossa princesa. Criada com tanto amor, tanto carinho. Tão esperta, linda e cheia de vida. Um amor de menina", relembrou a tia de Diely.
Diely da Silva, de 34 anos, morreu na estrada Benvindo de Novaes, em Vargem Pequena, no Rio
Reprodução redes sociais