Anielle Franco cobra investigação sobre revista de PMs a jovens negros no Rio: 'abordagem desproporcional'

  • 10/07/2024
(Foto: Reprodução)
Em postagem nesta quarta-feira (10), a ministra da Igualdade Racial disse que vai acompanhar de perto as investigações do caso. Na última quarta, PMs apontaram armas para três filhos de diplomatas negros durante uma abordagem. PMs apontam armas para filhos de diplomatas estrangeiros negros durante abordagem no Rio A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou nesta quarta-feira (10) que espera respostas das investigações sobre a abordagem de PMs do Rio de Janeiro a jovens negros filhos de diplomatas em Ipanema. Segundo ela, a abordagem foi desproporcional e "não pode ser defendida, naturalizada ou associada à palavra segurança". Um vídeo registrou o momento em que, na noite da última quarta-feira (3), PMs apontam armas para três filhos de diplomatas negros durante uma abordagem na Rua Prudente de Moraes, em Ipanema, na Zona Sul do Rio. Os três estavam acompanhados de dois garotos brancos, brasileiros. A família de um dos brasileiros denuncia que houve racismo durante a abordagem. "O vídeo é explícito ao mostrar que os jovens foram obrigados a encostar na parede, submetidos a uma revista, antes de terem sido solicitados a qualquer identificação ou questionamento. Essa abordagem desproporcional não pode ser defendida, naturalizada ou associada à palavra segurança", comentou Anielle, em postagem na internet. Segundo a ministra, o Itamaraty e os ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) também estão cobrando respostas dos investigadores. A Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) da Polícia Civil do Rio abriu uma investigação para apurar o que aconteceu. A abordagem também será investigada pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). “Vamos apurar dentro da lei, com responsabilidade, para entender o que aconteceu”, afirmou a delegada Patrícia Alemany. Castro fala em julgamento precipitado O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, afirmou na tarde desta quarta-feira (10) que houve um julgamento precipitado das autoridades federais na abordagem de policiais militares a cinco adolescentes, três deles filhos de diplomatas estrangeiros negros, na Rua Prudente de Moraes, em Ipanema, na Zona Sul do Rio. Pela manhã, o Itamaraty afirmou que enviou um ofício ao Governo do Estado sobre o caso. "Ele [o Itamaraty] enviou depois. Mas quando eles querem, eles ligam. Enviar um ofício posterior não quer dizer nada depois de ter avacalhado a polícia. Totalmente dispensável o ofício deles", disse Castro. Castro fala em pré-julgamento dos policiais no caso dos filhos de diplomatas abordados O g1 procurou o Itamaraty, que informou que não vai comentar a declaração de Castro. O governador afirmou que não vai "crucificar" os policiais envolvidos no caso, e que uma investigação apontará o que ocorreu (veja detalhes sobre o caso mais abaixo). "Eu vou cobrar uma investigação séria e isenta. Se for constatado que exageraram vão ser punidos dentro do que é previsto neste tipo de erro.", disse o governador. Castro afirmou que o contato com o Ministério das Relações Exteriores poderia ter sido diretamente, por meio de um telefonema. "Todos têm meu telefone. Aconteceu e, antes de dar a declaração, liga. Essa é a postura. Depois de achincalharem a polícia, mandaram ofício. Perderam tempo em mandar ofício", completou o governador. Na terça-feira (9), o governador já havia defendido os PMs que abordaram filhos de diplomatas em Ipanema. “É muito complicado para o policial saber se é filho de um diplomata, de um rico, se é filho de alguém que está cometendo um delito”, declarou Castro. Apuração de 'maneira serena', diz secretário da PM A Corregedoria da Polícia Militar também abriu um inquérito para apurar o caso. Ao g1, o secretário da PM, o coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou que "de maneira serena", determinou que a Corregedoria fizesse o acompanhamento. "Determinei que as câmeras corporais que os policiais estavam portando fossem descarregadas para um procedimento apuratório para, de maneira serena possamos esclarecer o que aconteceu. Estamos colaborando com as investigações, no sentido de apresentar os policiais [para depor] e entender o que aconteceu", disse Menezes, que completou "A iniciativa de abordar faz parte do protocolo da atividade policial. Não houve qualquer abordagem seletiva nesse sentido. Vamos avaliar a dinâmica e, se tiver necessidade de aperfeiçoamento de protocolo vamos agir. Já tem um programa de aperfeiçoamento semanal nesse sentido para a PM. Um programa que ensina a abordagem humana". Segundo Menezes, "é prematuro emitir juízo de valor sem apurar" o que aconteceu. "Acho prematuro emitir juízo de valor sem apurar. Gostaria de frisar que a Corregedoria e a Ouvidoria estão abertas para que as famílias sejam ouvidas. E chegarmos a conclusão do que aconteceu". O caso PMs abordam jovens filhos de diplomatas no Leblon Reprodução Um vídeo registrou o momento em que os PMs apontaram armas para os três filhos de diplomatas negros durante a abordagem em Ipanema. Os três estavam acompanhados de dois garotos brancos, brasileiros. A família de um dos brasileiros denuncia que houve racismo durante a abordagem. Em um post nas redes sociais, a mãe de um dos adolescentes, Raiana Rondhon, contou que o grupo de quatro meninos de 13 e 14 anos está de férias no Rio e deixava um amigo na porta de casa quando foi abordado. Segundo ela, o incidente envolveu adolescentes de três países diferentes (Canadá, Gabão e Burkina Faso). O g1 entrou em contato com o Itamaraty, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. "As imagens, os testemunhos e o relato das crianças são claros!! Não há dúvida!! A abordagem foi RACIAL e CRIMINOSA!! Há anos frequentamos o Rio e nunca presenciei nada parecido no quadradinho de Ipanema com meus filhos. É um lugar aparentemente seguro. Depende pra quem!!!", escreveu a mãe de um dos menores. Embaixatriz PMs apontam armas para jovens negros, filhos de diplomatas estrangeiros no Rio de Janeiro O embaixador do Gabão no Brasil, Jacques Michel Moudouté-Bell, enviou uma carta ao Itamaraty protestando contra a abordagem, que considerou racista. Segundo ele, o Ministério das Relações Exteriores convocou uma reunião com as famílias dos jovens na manhã desta sexta (5). A embaixatriz do Gabão, mãe de um dos menores abordados, disse que está chocada com o modo como a abordagem foi agressiva com os jovens. O vídeo mostra o momento que os adolescentes foram colocados contra a parede. "Como que você vai apontar armas para a cabeça de meninos de 13 anos, como que é isso? Mesmos nós adultos, você me aborda, você me pergunta primeiro. E depois você me diz porque você está me abordando", questionou Julie-Pascale Moudouté-Bell. Ela disse que deseja ação das autoridades brasileiras. "Mas você não sai com uma arma e me manda colocar a mão na parede. A gente confia na Justiça brasileira e a gente quer justiça, só isso", completou a diplomata.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/07/10/anielle-franco-cobra-investigacao-sobre-revista-de-pms-a-jovens-negros.ghtml


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