STJ condena 3 desembargadores do TRT-RJ a penas entre 10 e 20 anos de prisão

  • 13/03/2025
(Foto: Reprodução)
Desembargadores foram acusados de envolvimento num escândalo de corrupção na gestão do governador cassado Wilson Witzel. Um quarto desembargador foi absolvido. STJ condena três desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho a perda de cargo e pena em regime fechado A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou, nesta quinta-feira (13), três desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho do Rio acusados de envolvimento num escândalo de corrupção na gestão do governador cassado Wilson Witzel. Um quarto desembargador foi absolvido. A maioria dos ministros da Corte Especial seguiu o voto da relatora, Nancy Andrighi, e condenou os desembargadores: Marcos Pinto da Cruz - pena de 20 anos e 3 meses em regime inicial fechado, além da perda do cargo público de desembargador do TRT-1 José da Fonseca Martins Júnior - pena de 16 anos 3 meses em regime inicial fechado, além da perda do cargo público de desembargador do TRT-1 Fernando Antonio Zorzenon da Silva - pena de 10 anos e 5 meses em regime inicial fechado, além da perda do cargo público de desembargador do TRT-1 Os ministros também decidiram manter o afastamento dos desembargadores até que se esgotem todos os recursos da ação penal. Já o desembargador Antonio Carlos de Azevedo Rodrigues foi absolvido por todos os ministros que votaram. Em março de 2021, os quatro desembargadores do TRT do Rio chegaram a ser presos na Operação Mais Valia da Polícia Federal, mas depois conseguiram o direito de responder em liberdade. A denúncia da Procuradoria-Geral da República incluía outros investigados, inclusive o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, o ex-secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, e o advogado Manoel Peixinho, que defendeu o então governador Wilson Witzel no processo de impeachment. O processo foi desmembrado e apenas os quatro desembargadores, que têm foro privilegiado, continuaram a ser julgados no STJ. Governador cassado Wilson Witzel entre os desembargadores do TRT-RJ Fernando Antonio Zorzenon da Silva (à esquerda) e José da Fonseca Martins Júnior, em 2018, quando ele foi eleito Reprodução/TRT-RJ Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Marcos Pinto da Cruz Reprodução A operação Mais Valia foi desencadeada a partir da delação premiada do ex-secretário estadual de Saúde do Rio Edmar Santos. Com base nas investigações, procuradores concluíram que desembargadores recebiam propina para livrar organizações sociais e empresas de ônibus do pagamento de ações trabalhistas. De acordo com a denúncia da PGR, as organizações sociais e as empresas tinham dívidas a receber do Estado do Rio por serviços prestados em governos anteriores. E também seriam beneficiadas com a aceleração de processos trabalhistas. A denúncia diz que o desembargador Marcos Pinto da Cruz teria procurado o então secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, para que, em vez de o Estado pagar diretamente à organização social, o dinheiro fosse depositado numa conta judicial para a quitação do débito trabalhista, mediante a inclusão da OS no Plano Especial de Execução da Justiça do Trabalho — a fim de que o governo do estado pagasse valores devidos. Em contrapartida, as organizações sociais deveriam contratar escritório de advocacia da irmã do desembargador. E, após o recebimento dos honorários advocatícios, parte dos valores seriam repassados aos membros da organização criminosa. O Ministério Público Federal afirma que o desembargador Marcos Pinto da Cruz recebeu da irmã, entre 2018 e 2020, mais de R$ 3,6 milhões. Em sua delação premiada, Edmar Santos explicou como funcionava o esquema: “As empresas ficariam livres das ações trabalhistas, o que liberaria as certidões delas, e receberiam a outra parte do recurso em pagamento do estado que não tinha a ver com dívida trabalhista. A grosso modo, esse era o benefício. E isso em troca de uma propina que seria disfarçada pelo pagamento de honorários advocatícios a esse escritório da doutora Eduarda.” O esquema também teria beneficiado empresas de ônibus em detrimento do direito de funcionários. As empresas tinham dívidas trabalhistas e também valores a receber do Estado do Rio, envolvendo milhões de reais. Na delação, o ex-secretário de Saúde Edmar Santos disse que parte da propina do desembargador Marcos Pinto da Cruz era repassada para o então governador Wilson Witzel. Para execução do esquema criminoso, o grupo ainda teria contado com a participação de dois ex-presidentes do TRT-1, os desembargadores Fernando Antonio Zorzenon da Silva e José da Fonseca Martins Junior. Operação Tris in Idem A operação Mais Valia é um desdobramento da Operação Tris in Idem, de agosto de 2020, que afastou o governador Wilson Witzel. O Ministério Público Federal apura o pagamento de vantagens indevidas a magistrados que, em contrapartida, teriam beneficiado integrantes do esquema criminoso supostamente instalado no governo Witzel. Segundo a PGR, o Tribunal Regional do Trabalho do Rio era um dos três núcleos do esquema de corrupção no governo Witzel — composto ainda pela "caixinha da propina" e pelas "sobras de duodécimos". O que dizem os citados A GloboNews entrou em contato com as defesas dos desembargadores condenados, e aguarda retorno. Desembargadores condenados pelo STJ Reprodução/TV Globo

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/03/13/stj-condena-3-desembargadores-do-trt-rj-a-penas-entre-10-e-20-anos-de-prisao.ghtml


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