Jura Palma, uma das principais bailarinas negras do país que atuou com Mercedes Baptista, morre aos 91 anos no Rio

  • 22/01/2025
(Foto: Reprodução)
Ela estava internada com pneumonia em uma unidade de saúde de Copacabana e não resistiu a uma parada cardiorrespiratória. Jura Palma durante homenagem do Salgueiro Reprodução Morreu na noite desta terça-feira (21) a bailarina Jurandir Pereira Palma, de 91 anos, mais conhecida como Jura Palma. A morte foi confirmada pela família. Jura foi um dos principais nomes do Ballet Folclórico Mercedes Baptista, fundado pela primeira bailarina negra do Theatro Municipal do RJ. Ela estava internada com pneumonia em uma unidade de saúde de Copacabana e não resistiu a uma parada cardiorrespiratória. Há 2 meses, ela tinha feito uma cirurgia na vesícula e teve uma piora no quadro clínico. Mulher negra, Jura nasceu em Salvador (BA), em 1933, e veio com a família para o Rio de Janeiro em um navio. Em seguida, eles foram morar em Vigário Geral, na Zona Norte do Rio. Antes de conhecer Mercedes Baptista, ela trabalhou como vendedora de uma loja de sapatos. Em entrevistas, Dona Jura sempre fez questão de lembrar como conheceu a primeira bailarina negra do Theatro Municipal. Ela contava que não acreditava que na década de 1950 pudesse existir um espetáculo de dança com apenas pessoas negras. Jura Palma e Mercedes Baptista Arquivo pessoal Após assistir a uma apresentação de dança com bailarinos negros, entre eles, Elza Soares com seus 16 anos, no palco do Teatro João Caetano, no Centro do Rio, Jura ficou encantada com os movimentos afro e o coro. No mesmo dia, foi apresentada a Mercedes Baptista, que era professora e coreógrafo do espetáculo. Na época, Jurandir não tinha nenhuma experiência com dança, mas aceitou o desafio quando Mercedes a convidou para fazer as aulas que aconteciam na Gafieira Estudantina, na Praça Tiradentes, em 1958. Dois anos depois, saiu em turnê por Buenos Aires, com a companhia. Ao voltar para casa, um homem a abordou e, ao vê-la de batom e maquiagem, por causa das aulas de caracterização, afirmou que ela era prostituta e tentou estuprá-la. Ela gritou e foi salva por uma mulher que passava pelo local. Traumatizada, não quis mais voltar a dançar. Inconformada, Mercedes pediu ao pai de Jura para que ela fosse morar em Santa Teresa, na região Central, com ela. Ao logo de 55 anos, Jura e Mercedes estiveram em mais de 58 países com o Ballet Folclórico Mercedes Baptista. Uma das apresentações mais marcantes aconteceu no dia 21 de abril de 1960, na inauguração de Brasília. Entre os presentes estava o então presidente Juscelino Kubitschek. Jurandir Palma também contribuiu para o movimento negro e para a cultura do Brasil. Ela tornou-se mestra em ballet afro, ao lado dos bailarinos Walter Ribeiro e Gilberto de Assis. Walter Ribeiro e Jura Palma Arquivo pessoal Dona Jura montou ainda vários espetáculos no exterior e no Brasil. Ela também coreografou para a cantora Clara Nunes e para o extinto "Oba-oba", de Osvaldo Sargentelli. No ano passado, a Acadêmicos do Salgueiro homenageou a bailarina durante o lançamento do documentário "100 anos de Mercedes Baptista". Jura era viúva e deixou um filho, o enfermeiro André Cavalcanti. "Ela muito contribuiu para o mundo da dança e da negritude do nosso país. Desde sempre ela sempre foi envolvida com as pautas antirracistas", lembrou o filho. Ainda não há informações sobre o velório e o enterro.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/01/22/morre-jura-palma.ghtml


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