Ex-funcionária do Ceperj diz ter sido orientada a fazer campanha para Cláudio Castro e aliados durante o expediente

  • 15/04/2024
(Foto: Reprodução)
Depoimento ao Ministério Público Federal é de uma testemunha e foi obtido com exclusividade pelo RJ2. Governo diz que tem prestado todos esclarecimentos e que o nome do governador não é citado em nenhum dos depoimentos. Ex-funcionária do Ceperj diz ter sido orientada a fazer campanha para Cláudio Castro e aliados durante o expediente Uma ex-funcionária do Centro de Estudos e Pesquisas do Estado (Ceperj) afirma que foi orientada a fazer campanha política para o governador Cláudio Castro (PL) e outros aliados durante horário de trabalho. O depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) é de uma testemunha e foi obtido com exclusividade pelo RJ2. A acusação do Ministério Público Federal afirma que, na realidade, os projetos tinham cunho político - inclusive o Cidade Integrada. Promotora: Quais serviços a senhora efetivamente viu chegar na ponta da população por meio desse programa Cidade Integrada? Ex-funcionária: Nenhum. O trabalho, segundo o depoimento, se transformava. Os contratados pelo Ceperj no Cidade Integrada acabavam virando cabos eleitorais. Esse depoimento é um dos elementos mais recentes analisados na ação que investiga abuso de poder no escândalo do Ceperj. Além de Castro, entre os investigados estão o vice Thiago Pampolha (MDB), o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), e mais nove pessoas. O Ceperj deveria fazer pesquisas, mas passou a focar em projetos das mais variadas áreas. Contratou quase 30 mil pessoas, sem nenhuma transparência e sem resultado, segundo a investigação. Promotora: Nenhum projeto governamental oferecido para os moradores? Ex-funcionária: Nenhum. Todo lugar que a gente tinha, o Desenvolve Mulher, Faetec, falavam que não tinha nenhuma ligação com o Cidade Integrada. As próprias pessoas que a gente conversava nesses lugares, as coordenadoras, falavam que não entendiam por que a gente estava indo fiscalizar, por que o Cidade Integrada não tinha feito nada pelo projeto. De acordo com o depoimento, os coordenadores do programa queriam que os funcionários fizessem campanha. Ex-funcionária: Ela falou que estava chegando a campanha política, o trabalho ia se intensificar e que ela precisaria que a gente fizesse campanha inclusive nas redes sociais para esses candidatos que eu falei e quem não concordasse, avisar no momento que ia ter que ser desligado. Em fevereiro, o RJ2 mostrou o depoimento de uma outra testemunha do processo. Ela afirmava que uma equipe do maior programa de segurança do estado quase foi morta por traficantes porque desobedeceu a um acordo: esqueceu de pedir autorização para entrar na comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte. A autorização deveria ser pedida para Elci Carvalho Fonseca, pai de consideração do traficante Adriano Souza de Freitas, o Chico Bento, do Comando Vermelho. Essas informações foram confirmadas no novo depoimento. Promotora: A senhora ouviu falar durante esse tempo numa facilitação de acesso por parte do crime organizado para que os projetos entrassem nas comunidades ou nas favelas, aconteceu isso? Ex-funcionária: Era um acordo, era um combinado que a gente entrava com autorização deles. Inclusive teve uma vez que de problema, os traficantes que ficavam na boca de fumo questionaram o que a gente estava fazendo lá num dia que pediram pra a gente fazer um levantamento do comércio de lá. Esse não é o único processo contra a chapa formada por Cláudio Castro e Thiago Pampolha. Além da ação movida pelo MPF, há uma outra de autoria do adversário deles nas últimas eleições, Marcelo Freixo (PT). Na última sexta-feira (12), o desembargador Peterson Barroso Simão decidiu unificar as duas ações. Elas serão julgadas juntas. A expectativa é que o resultado saia no segundo semestre deste ano. LEIA TAMBÉM: Cidade Integrada: MP envia ofício pedindo explicações sobre supostas irregularidades no programa Relatório diz que programas do Ceperj gastaram 12 vezes mais do que o previsto no orçamento Investigado por vários órgãos Sede da Fundação Ceperj, em Botafogo Reprodução/TV Globo O escândalo do Ceperj é investigado pelo Ministério Público do Estado (MPRJ), pelo Ministério Público Eleitoral, ligado ao MPF, e pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). O TCE pediu à nova presidente do instituto, Izabel Maria Brito Toledo, que assumiu logo depois das eleições de 2022, documentos que comprovem o controle, o gerenciamento e o pagamento das contratações de mão de obra temporária. Izabel assumiu o cargo em dezembro de 2022, dias depois de o antecessor deixar o cargo em meio a suspeitas de corrupção. Marcelo Domingues comprou uma Mercedes-Benz de luxo, que teria sido paga com verba dos projetos do Ceperj. Na resposta dela, obtida pelo RJ2, a presidente do Ceperj admite ter encontrado o que chamou de cenário perturbador, com processos com instruções inadequadas, falta de controle e falta de fluxo. O que diz o governo O governo do estado informou que tem prestado todos os esclarecimentos aos órgãos de controle e que depois das denúncias, o governador Cláudio Castro determinou a extinção dos projetos da Fundação Ceperj, que está sendo reestruturada. O palácio informou ainda que o nome do governador não é citado em nenhum dos depoimentos, que a defesa de Cláudio Castro confia na Justiça Eleitoral e afirma que não foram apresentados nos autos do processo elementos novos que sustentem as denúncias.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/04/15/ex-funcionaria-do-ceperj-diz-ter-sido-orientada-a-fazer-campanha-para-claudio-castro-e-aliados-durante-o-expediente.ghtml


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